Práticas educativas dos pais e a autoestima da criança: Vários elementos, como fatores orgânicos, sociais e culturais, impactam no crescimento e amadurecimento de crianças e adolescentes
Práticas educativas dos pais e a autoestima da criança: Vários elementos, como fatores orgânicos, sociais e culturais, impactam no crescimento e amadurecimento de crianças e adolescentes
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ToggleVários elementos, como fatores orgânicos, sociais e culturais, impactam no crescimento e amadurecimento de crianças e adolescentes. Essas influências são evidentes nos ambientes familiar, escolar e comunitário. Entre esses fatores, os pais desempenham um papel significativo, pois servem como ambiente social inicial para a criança (Gomide, 2003, 2005). Na literatura, a autoestima tem sido reconhecida como um fator crucial na salvaguarda do desenvolvimento saudável das crianças (Hutz, 2014).
Segundo Weber, Stasiak e Brandenburg (2003), a autoestima refere-se à forma como os indivíduos percebem suas habilidades, valor e realizações, que podem ser positivas ou negativas. Explicam ainda que a autoestima abrange uma avaliação global do próprio valor e pode ser moldada por diversas experiências de vida. Hutz, Zanon e Vazquez (2014) propõem que o reconhecimento positivo dos pais, professores e do ambiente circundante contribui para o desenvolvimento de uma elevada autoestima.
Conforme delineado por Guilhardi (2002), a autoestima é produto de contingências positivas de reforço social. Hutz et al. (2014) enfatizam que estas circunstâncias facilitam o desempenho humano ideal, promovendo sentimentos de segurança e aceitação dentro da esfera social, levando, em última análise, a um aumento da auto-estima.
Com base na análise abrangente conduzida por Hutz et al. (2014), é evidente que um forte sentimento de autoestima está comumente associado a uma saúde mental positiva, bem-estar geral e habilidades interpessoais eficazes. Por outro lado, indivíduos com baixa autoestima são mais propensos a experimentar emoções negativas, sentimentos de inadequação, depressão, distúrbios alimentares, ansiedade social e pensamentos de automutilação.
O estudo conduzido por Robins, Tracy, Trzesniewski, Potter e Gosling (2001) apoia ainda mais essas descobertas, revelando que os indivíduos que apresentam níveis mais elevados de angústia, irritabilidade e ansiedade tendem a ter pontuações mais baixas nas avaliações de autoestima em comparação com aqueles que ativamente buscar afirmação e apoio por meio de interações sociais.
De acordo com Hutz et al. (2014), é enfatizado pelos autores que ter uma autopercepção positiva ou um forte senso de autoestima é de extrema importância. Os indivíduos que possuem essas qualidades acreditam que existem em um mundo onde são estimados e honrados. Juth, Smith e Santuzzi (2008) afirmam ainda que indivíduos com autoestima elevada têm maior probabilidade de enfrentar circunstâncias desafiadoras que surgem ao longo de suas vidas, incluindo tratamento médico. Mesmo diante de adversidades, como durante a doença, a autoestima pode servir como fator de proteção, atenuando as complicações que podem surgir de diversos males (Hutz et al., 2014).
Em sua investigação, Antunes et al. (2006) realizaram um estudo envolvendo 645 alunos do 7º ao 10º ano, com o objectivo de examinar vários factores associados à auto-estima em adolescentes dos 12 aos 16 anos. comportamentos sobre a autoestima, bem como a correlação entre a saúde geral e os desafios acadêmicos entre os jovens. De acordo com os resultados, houve uma discrepância notável nos níveis de autoestima entre meninos e meninas, com as meninas apresentando autoestima mais baixa.
No entanto, este contraste só foi evidente a partir dos 14 anos, pois esta idade específica marca uma mudança significativa nos valores médios dos escores, conforme sugerido pelos autores. Além disso, os participantes do 10º ano que revelaram problemas de saúde experimentaram diminuição da autoestima, enquanto os alunos que relataram dificuldades de aprendizagem apresentaram consistentemente níveis mais baixos de autoestima ao longo dos anos letivos.
Continuando a busca pela compreensão das disparidades de género e o seu impacto na autoestima, a investigação de Thomas e Daubman (2001) alinha-se com os estudos de Antunes et al. (2006), revelando que durante a adolescência, os rapazes tendem a apresentar níveis mais elevados de autoestima. em comparação com as meninas. Esta disparidade parece estar ligada a expectativas sociais e de imagem distintas impostas a cada género.
Pinheiro e Giugliani (2006) conduziram um estudo que apoia essas descobertas, examinando a insatisfação corporal e seus correlatos em crianças de oito a 11 anos. Sua pesquisa revelou que 55% das meninas expressaram desejo de serem mais magras, enquanto 28% desejavam um corpo maior.
Em comparação, os meninos apresentaram menores índices de insatisfação com o corpo. Além disso, Pinheiro e Giugliani identificaram fatores significativos que contribuem para a insatisfação corporal, incluindo menor autoestima e a influência das expectativas dos pais e dos pares em relação aos padrões de beleza e magreza. Essas variáveis foram mais prevalentes entre as meninas.
A investigação realizada sobre a autoestima durante a adolescência demonstrou consistentemente uma forte correlação entre a autoestima e o bem-estar mental, bem como associações significativas com o desempenho académico e a aceitação social em vários contextos étnicos e culturais (Hutz et al., 2014).
O nível de autoestima desempenha um papel crucial na capacidade do adolescente de formar relações positivas com os seus pares, uma vez que aqueles com baixa autoestima tendem a empregar estratégias que alteram a sua comunicação de pensamentos e emoções, dificultando assim a sua integração em grupos sociais ( Hutz et al., 2014).
As práticas educativas e os estilos parentais dos pais têm impacto direto no desenvolvimento da autoestima durante a infância e adolescência, conforme pesquisa realizada por Weber et al. (2003). O estilo parental refere-se às atitudes que os pais têm em relação aos seus filhos, que por sua vez moldam o ambiente emocional em que as suas práticas parentais são realizadas (Darling & Steinberg, 1993).
Dos vários comportamentos parentais que podem influenciar o comportamento dos seus filhos, as práticas educativas merecem especial destaque, pois estabelecem contingências que são reforçadas pelas mudanças observadas no comportamento dos seus filhos.
Num esforço para desencorajar comportamentos indesejáveis e promover comportamentos desejáveis, os pais empregam estas estratégias, conforme descrito por Alvarenga e Piccinini em 2001.
Baumrind (1966) introduziu três estilos parentais distintos: autoritário, autoritário e permissivo. No entanto, Martin (1983) categorizou ainda mais o estilo permissivo em duas subcategorias: indulgente e negligente. Além disso, esses estilos foram caracterizados com base em duas dimensões: demanda e capacidade de resposta.
A dimensão demanda engloba o controle de comportamentos e o estabelecimento de metas e diretrizes. Inclui as atitudes parentais que visam regular o comportamento dos filhos, estabelecendo limites e implementando regras (Teixeira, Bardagi & Gomes, 2004).
Por outro lado, a dimensão responsividade refere-se ao nível de harmonia entre as ações das crianças e dos cuidadores. Reflete a capacidade dos pais de atender às necessidades e individualidade de seus filhos.
Baumrind (1997) identifica comunicação, reciprocidade e afeto como características-chave de pais responsivos. Maccoby e Martin (1983) categorizam ainda mais os estilos parentais: pais exigentes e não responsivos exibem o estilo autoritário, pais exigentes e responsivos incorporam o estilo autoritativo, pais responsivos e não exigentes exemplificam o estilo indulgente, e pais não exigentes e não responsivos os pais representam o estilo negligente.
Gomide (2005) introduziu no Brasil um modelo que se concentra no exame das práticas educativas parentais. O autor define práticas educativas parentais como os métodos empregados para educar, orientar, socializar e gerenciar os comportamentos das crianças. Essas práticas formam coletivamente estilos parentais, que podem ser utilizados com diferentes níveis de intensidade e frequência (Gomide, 2003, 2006).
O conceito de estilo parental delineado por Gomide (2005) abarca sete abordagens educativas dos pais, das quais cinco são identificadas como negativas e duas como positivas. Enquanto as abordagens positivas visam promover comportamentos pró-sociais, as negativas estão associadas ao surgimento de comportamentos antissociais.
As práticas parentais positivas compreendem a monitoria positiva e o modelo moral/comportamento moral. A monitoria positiva implica em atenção, afeto, acompanhamento das atividades escolares e de lazer, bem como estabelecimento apropriado de normas (Gomide, 2003).
Já o modelo moral ou comportamento moral engloba valores como honestidade, senso de justiça, solidariedade, amizade, respeito às leis e empatia, os quais devem ser exemplificados pelos pais como foco da educação. Tanto a monitoria positiva quanto o modelo moral são considerados fatores protetores para o desenvolvimento infantil (Gomide, 2005).
Por outro lado, as práticas parentais negativas incluem disciplina relaxada, punição inconsistente/humor volátil, punição física/abuso físico, supervisão estressante/monitoria negativa e negligência.
Gomide (2005) ressalta a importância do estabelecimento de regras na interação entre pais e filhos, as quais devem ser flexíveis e passíveis de cumprimento para promover um relacionamento saudável na família.
A disciplina relaxada ocorre quando os pais não seguem as regras estabelecidas, enquanto a punição inconsistente se caracteriza pela aplicação de punições baseadas no humor dos pais e não no comportamento da criança.
No que tange à punição física ou abuso físico, refere-se ao uso de castigos que causem dano físico à criança, como espancamentos, chutes, machucados, sacudidas, entre outros (Gomide, 2003).
A supervisão estressante ou monitoria negativa é identificada pela vigilância excessiva e instruções repetitivas dos pais aos filhos, sem estabelecerem consequências para a desobediência (Gomide, 2005). Neste cenário, os filhos podem não obedecer devido à falta de consequências claras para suas ações.
A negligência, por sua vez, é caracterizada pela falta de atenção, afeto e interação dos pais com os filhos, o que pode afetar negativamente sua autoestima e contribuir para comportamentos antissociais (Gomide, 2005). Estudos adicionais (Alvarenga & Piccinini, 2007; Salvador, 2007; Salvo, Silvares & Toni, 2005) corroboram essa associação, indicando que a negligência pode aumentar o risco de problemas de comportamento e dificuldades escolares.
Esses achados destacam a influência dos estilos parentais no desenvolvimento infantil e adolescente, com o modelo de influência recíproca emergindo como explicativo principal (Reppold, Pacheco, Bardagi & Hutz, 2002). Este modelo sugere que as práticas parentais durante a socialização afetam diretamente a autoestima da criança.
Pesquisas têm investigado a relação entre autoestima e estilos parentais, com o modelo de Maccoby e Martin (1983) como referência. Revisões, como a de Weber et al. (2003), indicam que pais autoritários, que impõem regras rígidas sem diálogo, podem não favorecer um ambiente propício ao desenvolvimento da autoestima.
Por outro lado, o estilo autoritativo, que combina firmeza com diálogo, tende a promover uma autoestima mais positiva, permitindo à criança entender suas ações e limites (Baumrind, 1966).
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