Antígona
Antígona é uma famosa tragédia escrita por Sófocles, um dos principais dramaturgos da Grécia Antiga. A peça retrata o confronto entre a vontade humana e as leis divinas, destacando o caráter autoritário do rei Creonte e as consequências de suas decisões. A história se passa em Tebas e apresenta forte conteúdo mítico e heroico, típico da Antiguidade Clássica.
Após a morte dos filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, Creonte decide que apenas Etéocles receberá funeral honrado, enquanto o corpo de Polinices deverá permanecer sem sepultura. Antígona, irmã dos dois, recusa-se a obedecer ao decreto e decide sepultar o irmão em nome das leis sagradas e do dever familiar. Ao desobedecer o rei, ela acaba sendo presa e condenada. A tragédia que se segue atinge toda a família real, evidenciando que a tirania de Creonte o afasta da sensatez e da vontade dos deuses.
Resumo da obra
- A peça apresenta o decreto de Creonte, que proíbe o sepultamento de Polinices.
- Antígona, indignada com a decisão, enterra o irmão e é presa por desobedecer ao rei.
- Creonte mantém sua decisão mesmo após o conselho de seu filho Hêmon, noivo de Antígona, que tenta fazê-lo perceber a injustiça.
- A tragédia se intensifica quando decisões rígidas e inflexíveis provocam desfechos dolorosos para Creonte e sua família.
- No final, o rei reconhece sua imprudência e entende que sua tirania contrariou a vontade dos deuses.
Personagens principais
- Antígona – filha de Édipo e Jocasta; desafia o decreto de Creonte.
- Ismene – irmã de Antígona, mais cautelosa e obediente.
- Creonte – rei de Tebas, autoritário e inflexível.
- Hêmon – filho de Creonte e noivo de Antígona.
- Eurídice – esposa de Creonte.
- Tirésias – adivinho respeitado que alerta o rei sobre suas decisões.
- Coro de anciãos, mensageiros, guardas e outros personagens secundários que complementam a ação.
Tempo e espaço
- Tempo: Idade Heroica da Grécia, período anterior à Guerra de Troia e marcado por narrativas míticas.
- Espaço: a ação ocorre em Tebas, principalmente diante do palácio real.
Análise do enredo
A peça começa com Antígona e Ismene comentando o decreto de Creonte. Antígona decide agir por conta própria e realiza o sepultamento proibido. Creonte, ao descobrir o ato, reafirma sua autoridade e condena a jovem, ignorando a opinião do povo.
Quando Hêmon tenta argumentar que o rei está indo contra a justiça e contra o sentimento popular, Creonte se irrita e o acusa de deslealdade. Em seguida, o adivinho Tirésias adverte que os deuses desaprovam a decisão de deixar o corpo de Polinices sem ritos fúnebres. Somente então Creonte hesita e decide recuar. Mas, quando tenta reparar seus erros, já é tarde demais: a tragédia consumiu sua família e ele reconhece que seu orgulho o conduziu à ruína.
O coro encerra a peça afirmando que a verdadeira sabedoria está na prudência e no respeito às leis divinas e que o orgulho excessivo sempre leva ao sofrimento.
Características da obra
Estrutura
Por ser uma tragédia grega, a peça apresenta falas marcadas, presença constante do coro e indicações cênicas, mas não é dividida em atos como ocorre nas peças modernas.
Estilo
A obra não pertence a um estilo literário definido, pois foi criada antes da divisão tradicional dos movimentos literários. Contudo, integra a literatura clássica, marcada pela exaltação do ser humano, pela racionalidade e pelos valores éticos.
Contexto histórico
A peça se inspira na Idade Heroica, período mítico anterior a 1200 a.C., repleto de histórias de heróis e deuses. Conhecemos esse período principalmente por obras como Ilíada e Odisseia, atribuídas a Homero. Sófocles recria esse ambiente heroico ao abordar conflitos morais e religiosos que ultrapassam o tempo histórico.
Sófocles – o autor
Sófocles nasceu por volta de 494 a.C., perto de Atenas, em Colono, em uma família abastada. Viveu cerca de 80 anos e escreveu mais de cem peças, das quais apenas sete sobreviveram até hoje:
- Édipo Rei
- Édipo em Colono
- Antígona
- Electra
- Ájax
- As Traquínias
- Filoctetes
É considerado um dos maiores dramaturgos da Grécia Antiga e influenciou profundamente a tradição teatral ocidental.