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O Impacto do Jornalismo On-line sobre o Jornalismo Tradicional

O artigo faz uma análise do impacto que o jornalismo on-line traz ao jornalismo tradicional e as características da sociedade actual em relação à informação recebida. O texto também faz a reflexão sobre a credibilidade dos jornais, procurando ver até que ponto as pessoas testam a credibilidade da informação on-line

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Com o aparecimento do jornalismo on-line, foi piorando a situação da falta de leitura do jornal impresso, visto que estas pessoas têm a tecnologia nas suas mãos que lhes permite e facilita ter acesso a toda a informação necessária. Olhando para toda esta situação surge a seguinte questão:

Como é que o jornalismo tradicional se vai desenvolver num país como este?   Até que ponto vai a credibilidade jornalística?

Antes de desenvolver esta abordagem jornalística, é imperioso deixar ficar aqui o conceito de jornalismo. Segundo Sousa (2001), “o jornalismo é uma forma de comunicação em sociedade. A principal função do jornalismo, nos estados democráticos de direito, é a de manter um sistema de vigilância e de controlo dos poderes” (p. 13).

Em outras palavras, o jornalismo tem a função de manter a sociedade informada dos acontecimentos sucedidos do seu interesse, sejam estes bons ou maus.

Quando se fala do jornalismo tradicional, refere-se à informação transmitida de forma impressa, temos como exemplo: o jornal e as revistas informativas impressas. Enquanto, o jornalismo on-line é a informação emitida através da internet.

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Mudanças no Jornalismo Tradicional

De acordo com Filho (2000, citado por Nunes 2009), o jornalismo sofreu dois grandes impactos de natureza tecnológica nos séculos XIX e XX.

O primeiro impacto foi em 1850, com o surgimento da rotativa, que permitiu um processo de produção de jornais em massa. A partir desse momento, houve uma reorientação da indústria jornalística, que passou a propor- se ao lucro, deixando de ser apenas um espaço público de manifestação dos agentes sociais.

A segunda mudança deu-se em meados da década de 1970, quando teve início o acelerado processo de desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação. Filho (2000, citado por Nunes 2009), explica que esse segundo impacto se reflectiu em dois níveis: tanto no processo de produção, como no desenvolvimento de um novo campo de cultura e conhecimento.

Antes do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, no século XIX, os leitores tinham dificuldade no acesso à informação. Nessa época faziam-se longas filas para ter acesso à informação por meio do jornal impresso.

É visível que, com esta mudança da era do jornalismo tradicional à do jornalismo on-line, pouco a pouco, o jornalismo on-line foi tirando o espaço ao tradicional. Pela facilidade de acesso à informação, os leitores preferem o jornal on-line em relação ao tradicional visto que a qualquer momento eles têm acesso à informação em pouco tempo em relação ao tradicional que leva algum tempo de espera para ser revisto e editado até chegar ao leitor.

Atualmente, muito se tem especulado sobre o futuro dos jornais impressos, com previsões alarmistas que decretam seu fim em um prazo de poucos anos em países desenvolvidos. Por outro lado, porém, também há aqueles que acreditam que a prática esteja apenas passando por um período de reconfiguração – o que, olhando a história do desenvolvimento dos meios de comunicação, justifica-se pela observação de inúmeras modificações ocorridas em mídias tradicionais após o surgimento de novas mídias (Nunes 2009).

Com o aparecimento deste jornalismo on-line, as pessoas consideram-no como sendo mais prático em relação ao impresso. Assim sendo, surge a questão seguinte:

  • Até que ponto o jornalismo tradicional irá sobreviver num mundo como este?

Pela conversa com alguns estudantes de comunicação da Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique -, eles acreditam que o jornalismo tradicional irá sobreviver, visto que pelas condições financeiras nem todos têm a possibilidade de ter acesso a este jornalismo on-line. Logo, estas pessoas, de alguma forma, também, necessitam de ser informadas.

Ainda, estes estudantes, alguns deles dizem que o próprio formato do jornal não facilita a vida do leitor visto que dá muito trabalho para ser folheado, acreditam que reduzindo o tamanho da página em A4 ou mesmo A5, poderá reconquistar os leitores. Outros fizeram uma comparação do custo do impresso e o on-line alegando que com três impulsos de crédito, na rede vodacom, podem ser convertidos em muitos megabits e facilitar a aquisição da informação.

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Credibilidade da Informação

Em jornalismo, é sabido que um dos requisitos fundamentais para a publicação duma informação para o público, é a credibilidade dos factos. Ora vejamos, existe tanta informação publicada na internet, que encontramos em blogs que também fazem outra contribuição ao jornalismo on-line, em alguns casos proveniente de desconhecidos, que entendem que têm espaço para fazer circular o seu texto, os seus relatos pessoais, alguns deles sem citações credíveis.

Olhando para a situação actual em que nos encontramos, verifica-se que saímos da sociedade de massa em que as pessoas acreditavam cegamente nas informações lançadas pelos mídias, em que este público era passivo e não tinha capacidade de criticar as informações publicadas. Hoje, elas são pessoas activas que não só não consomem as informações, mas também têrm o poder de reagir à informação publicada.

Elas também criticam, comentam e analisam a informação para saber até que ponto vale a pena consumir e acreditar na informação. Nesta vertente, a maior parte do público, procura ser informado no jornalismo on-line visto que é o mais rápido de ser acedido e os leitores têm a chance de questionar a veracidade ou a credibilidade dessa informação consumida.

Bucci (2000, citado em Christofoletti, 2007) diz que a credibilidade é o maior património de jornalistas e meios de comunicação. O facto é que a preocupação com a confiabilidade da informação existe há mais de trezentos anos.

Fazendo uma comparação dos tempos do jornalismo tradicional antes do on-line, notava-se esta credibilidade na informação transmitida, visto que qualquer informação falsa que se pudesse transmitir, colocava em risco a reputação e o bom nome do próprio jornal. Sendo assim, eles preocupavam-se com a veracidade dos factos de modo a tornar credível o seu órgão de informação. Hoje, a credibilidade de alguma informação on-line, é questionável, visto que a informação lançada, está sujeita a modificações do próprio texto.

Para Arnt (2002), “a questão de credibilidade das informações é um problema maior para o jornalismo sob a égide do jornalismo digital. “É bem verdade que até ao momento esse problema está longe de estar regulado”.

Olhando nesta vertente, surge a seguinte questão: O que é que o público faz para provar a credibilidade da informação?

De acordo com a informação recolhida junto de alguns estudantes e docentes, da Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique constatou-se que certas pessoas que procuram informação on-line, pouco se importam com a confiabilidade ou credibilidade da informação que lá encontram. Outras pessoas buscam informações em sites conhecidos, alguns deles publicam informação recolhida em jornais já existentes de forma impressa.

A credibilidade é um factor muito importante na vida do jornalismo, neste caso, o leitor deve ser capaz de questionar a veracidade da informação para ter a certeza que está a consumir informação real, segura e credível.

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Preferência do Leitor

De um tempo para cá, foram surgindo pessoas singulares, fabricando os seus jornais, alguns deles sem profissionais formados na área do jornalismo, trazendo informações noticiosas a público, até que surge o jornalismo on-line que praticamente está a matar aos poucos a classe dos jornalistas.

Em conversa com alguns jornalistas, Carlos Coelho, do Jornal Notícias, diz que fez um pequeno teste com alguns vendedores de recargas de telemóvel “crédito”, e quis saber quanto ganhavam vendendo uma recarga de cem meticais (100,00mt), e propondo-lhe ganhar vinte meticais (20,00mt) vendendo cada jornal. Estes vendedores de recargas de telemóveis “crédito” recusaram a proposta alegando que o jornal não teria saída.

Este é só um dos exemplos para mostrar que a maioria das pessoas já não compram o jornal impresso, porque também sabem que se forem à procura de notícias on-line, terão acesso a qualquer informação sem limitação na área abrangente. O leitor tem acesso a informações de qualquer canto do mundo. Esta prática, já está a ser viciante e em algum momento já se esquece que existe o jornalismo impresso.

Barbosa diz que actualmente uma das grandes vantagens do jornalismo on-line é a possibilidade de existir interactividade entre quem escreve e quem lê as notícias. O leitor tem a chance de deixar ficar o seu comentário a respeito daquela informação que está a ler, diferente do jornalismo tradicional em que a informação vem de forma impressa.

No caso do jornal online, há diversas formas de interagir com os jornalistas e até com outros leitores. Muitos sites oferecem fóruns de discussões, espaço para opinião, chats, além da troca de e-mails entre jornalistas e leitores. Bardoel e Deuze (2000) consideram que a notícia online possui a capacidade de fazer com que o leitor/usuário se sinta parte do processo (Brasil, 2006, p. 19).

Esta prática, também faz com que os leitores adiram mais ao jornal on-line, visto que lhes é dada a oportunidade de interagir com os jornalistas. Logo, esta interacção é uma das motivações do leitor, porque tem esta oportunidade de discutir com o jornalista a respeito daquilo que acabou de ler ou mesmo ter um espaço para que, o leitor faça o seu comentário a respeito da informação publicada.

No jornal tradicional, apesar de não ser notória essa interacção com o jornalista, também tem as suas vantagens sendo uma delas a capacidade de armazenamento da informação em relação ao digital, pois a credibilidade da informação editada passa por um processo de revisão.

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Considerações Finais

Olhando para toda esta abordagem, constatou-se que o jornalismo tradicional começa a perder aos poucos o seu espaço anterior pela entrada do jornalismo on-line. As pesquisas efectuadas mostram que os leitores têm preferência pelo jornalismo on-line em relação ao tradicional. No jornalismo on-line, verifica-se a rapidez, a facilidade de acesso, a globalização da informação, a interactividade entre o leitor e o jornalista autor da informação, entre outros aspectos, que fazem com que o leitor opte pela informação on-line em detrimento da outra.

Em algum momento, o leitor esquece de questionar a credibilidade desta informação que consome. Uma das grandes importâncias do jornal tradicional é que, por vezes questiona-se a credibilidade da informação, visto que, após a sua pesquisa da informação, passa por uma revisão. Contudo, é importante que o leitor preste muita atenção na escolha da informação on-line que pretende consumir para evitar aceitar notícias com pouca ou sem nenhuma credibilidade.

Fonte:

Eugénio, G. da N. (2017). O impacto do jornalismo on-line sobre o jornalismo tradicional. In Faculdade de Educação e Comunicação (Eds.), Actas das VI Jornadas Científicas: Comunicação e desenvolvimento sustentável (pp. 1-10). Universidade Católica de Moçambique. http://repositorio.ucm.ac.mz/handle/123456789/54

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