Diferentes Ramos da Antropologia

A Antropologia é uma disciplina ampla que se subdivide em diversos ramos, cada um com foco em áreas específicas do estudo da humanidade. Nesta lição, buscamos fornecer ferramentas adicionais para discutir e analisar as diferentes vertentes da antropologia, tanto em termos de sua existência quanto de suas aplicações e interconexões com outras disciplinas.

Ao concluir esta unidade, espera-se que consiga: Identificar os vários ramos da antropologia; Conhecer os diferentes campos de aplicação.

Ramos da Antropologia

A pesquisa antropológica envolve a comparação entre sociedades ou culturas, levando em consideração as mudanças culturais e biológicas que ocorrem dentro delas. Dado o amplo escopo da antropologia, a disciplina se estruturou em subdisciplinas e especialidades. Conforme descrito por Batalha (2004):

Antropologia biológica

Inicialmente focada no estudo da morfologia anatómica das “raças humanas”, a antropologia biológica evoluiu para investigar as características genéticas dos seres humanos. Atualmente, seu interesse se concentra na relação biológica entre humanos e primatas, bem como na evolução dos hominídeos ancestrais da população atual.

A noção de evolução desempenha um papel fundamental nessa disciplina, que busca estabelecer a origem da espécie humana por meio da análise de fósseis. A genética e a bioquímica desempenham um papel significativo no trabalho dos antropólogos biológicos.

Além disso, a antropologia biológica realiza estudos sobre a distribuição de características físicas relevantes para a indústria de vestuário e calçados, auxiliando os fabricantes a ajustar sua produção com base na frequência e distribuição de tamanhos nos diferentes mercados.

Arqueologia

Arqueologia desempenha um papel crucial na antropologia, assim como a paleontologia na biologia. Sem a arqueologia, os antropólogos não conseguiriam descrever e explicar a evolução cultural humana. Seu objetivo é reconstruir o passado da cultura material das sociedades humanas, analisando os materiais e artefatos utilizados no cotidiano.

Além disso, a arqueologia estabelece uma conexão entre objetos culturais e comportamento social humano, fornecendo informações valiosas sobre a vida de povos antigos.

Por exemplo, o estudo da arquitetura e construção de habitações antigas revela detalhes importantes sobre a vida social, enquanto as vestimentas antigas ajudam a compreender a estratificação social em diferentes sociedades e épocas.

A arqueologia é especialmente relevante para a antropologia cultural na América do Norte e para a etnologia na Europa. Por outro lado, a antropologia social baseia-se principalmente em documentos históricos, estando mais associada à história, uma vez que a evolução cultural pré-histórica não é o foco principal de sua investigação.

Antropologia cultural

Antropologia cultural envolve um estudo minucioso das diversas sociedades humanas, abrangendo a etnografia, que analisa culturas individualmente, e a etnologia, que interpreta dados para identificar padrões culturais.

Enquanto a antropologia cultural tem uma abordagem mais universalista, a antropologia social concentra-se em casos específicos, em vez de regularidades culturais universais.

Embora seja comum usar simplesmente o termo “antropologia” em vez de “antropologia cultural” ou “antropologia social”, geralmente é entendido no contexto cultural e social.

Os antropólogos, como etnógrafos, devem fazer escolhas sobre quais aspetos da vida sociocultural investigar, como economia, tecnologia, organização social, representações mentais, religião e magia.

A etno-história é uma atividade relevante dentro da antropologia cultural, focando na história dos povos nativos e seus descendentes, utilizando fontes como história oral e documentos históricos para compreender sociedades passadas.

Embora as fronteiras entre antropologia cultural, antropologia social e história estejam se tornando mais difíceis de definir, a perspetiva antropológica se distingue pela sua abordagem única.

Antropologia Social

A antropologia social, originária na Europa, difere da antropologia cultural ao não buscar grandes teorias e princípios abrangentes para explicar os fenômenos culturais de forma global.

Em contraste, a antropologia social evita o estudo da evolução humana, considerando-o especulativo, e vê a teoria da evolução como uma construção cultural ligada à mentalidade “progressista” da Revolução Industrial.

Prefere utilizar informações obtidas por meio de observação participante e documentação, com uma abordagem histórica superficial para compreender os processos de transformação das relações sociais em sociedades ou contextos de pequena escala.

Etnografia

Etnografia, que significa literalmente “escrever sobre os povos”, refere-se à prática antropológica de coletar informações por meio de observação participante, envolvendo a imersão por meses em um local para estudar a vida de um grupo ou pequena sociedade.

Durante o trabalho de campo, o etnógrafo coleta informações por meio de questionamentos, filmagens e fotografias, abordando diversos aspectos da vida social do grupo, como economia, tecnologia, organização social, atividade política, religião, magia e outras práticas culturais.

A essência da etnografia reside na experiência direta do etnógrafo na vida social estudada, tratando as pessoas como parceiros de interação e não como objetos de estudo.

Etnologia

A etnologia consiste na interpretação e análise das informações etnográficas, buscando identificar padrões e regras gerais que regem o comportamento humano.

A distinção entre etnologia e etnografia nem sempre é clara, pois muitas vezes o etnólogo e o etnógrafo são a mesma pessoa, e o trabalho de campo é orientado por uma teoria etnológica específica.

A etnologia procura comparar informações etnográficas de diferentes locais e sociedades para mostrar a diversidade cultural e a falta de universalidade nos comportamentos humanos, refletindo um dilema na antropologia entre enfatizar a universalidade ou a especificidade cultural.